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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Não somos todos iguais!


É muito fácil ignorar os cristãos liberais num mundo e num país como o nosso. O problema, talvez, comece pela própria compreensão dominante que se tem sobre religião em geral, e, mais especificamente, sobre o cristianismo.

Em minhas relações sociais, frequentemente tenho observado o que se diz sobre o cristianismo, e como a atenção se volta para tradições e grupos cristãos que tendem a assumir um perfil mais militante e mais conservador. A maioria das pessoas que me conhecem há pouco, se chocam quando descobrem que sou um ministro religioso, já que não sou o “religioso” mais convencional que conhecem.

Uma conhecida me disse há pouco que pensava que eu não tinha o “perfil” para ser chamado de “reverendo”, já que não recitava versículos bíblicos em nossas conversas, não insistia para que ela fosse à igreja, vestia jeans e calçava tênis, e ouvia rock e ia ao cinema. Depois disse que se não me conhecesse, pensaria que eu era um budista ou um ateu que meditava e que a última coisa que imaginaria era que eu fosse um cristão, e muito menos um protestante! Não preciso dizer que fiquei perplexo por seus comentários, apesar de saber que pensava aquilo por não ver em mim aquilas coisas que imaginava serem característica de cristãos.

Um outro problema de (in)compreensão é o sentido que muitas pessoas dão ao termo “liberal”. Alguns pensam que ser um “cristão liberal” signifique que você “não acredita em nada” (como se isso fosse possível!) e que não tenha nenhum princípio moral. Nenhuma dessas duas interpretações são corretas. Ser um cristão liberal é uma questão de como abordamos nossa fé e sua relação com o todo da vida, e como abordamos nossa relação com as outras pessoas e com o mundo em geral, incluindo aí nossa relação com Deus. Nós, cristãos liberais, tendemos a ver a humanidade e nossa cultura com muito mais otimismo e tolerância do que algumas outras tradições cristãs – não porque sejamos melhores que eles, mas simplesmente porque compreendemos nossa fé a partir de uma outra perspectiva.

Ao pensar que não pode haver cristãos liberais (política, social e religiosamente!), pacifistas, tolerantes, vegetarianos, gays, que ouvem rock e vão ao cinema, que leem não apenas a Bíblia, mas também os textos religiosos de outras tradições e as ideias seculares de pensadores modernos – como eu -, minha conhecida ignora uma grande parcela dos cristãos, e, talvez, um grande número de ministros religiosos das mais variadas tradições cristãs... Ela esqueceu o que ela mesma costuma dizer: NÃO SOMOS TODOS IGUAIS!

A voz da compaixão


Um tipo militante de religiosidade, às vezes chamado de “fundamentalismo”, tem se desenvolvido em cada uma das tradições religiosas mundiais como uma rebelião contra este mundo desequilibrado, uma rebelião contra a humilhação e a impotência, e há um senso de fúria expresso em termos religiosos. Isso tem feito com que a religião se foque cada vez mais numa compreensão estreita do dogma religioso. Todas as religiões do mundo têm uma história de intolerância, e, ao mesmo tempo, todas elas têm princípios para que essa intolerância seja vencida.

Nós queremos que as pessoas ouçam a voz compassiva da religião. Queremos mudar a direção da conversa, e trazer a compaixão para o centro das atenções.

A compaixão é o cerne de nossa religião, e quando a religião é praticada de uma forma sadia, ela deve enfatizar essa compaixão.

Escolhemos reconhecer a humanidade de todas as outras pessoas, não importando se são cristãs, judias, muçulmanas, hindus, seguidoras do candomblé, ou se são ateias ou agnósticas. Acreditamos na irmandade de todas as pessoas e em nossa responsabilidade comum de tornar este mundo um lugar seguro para todos nós.

A voz que escolhamos ouvir é a voz da compaixão. Você consegue ouvi-la?

domingo, 10 de outubro de 2010

Entendendo as celebrações religiosas dos unitaristas

Em nossa adoração, nós, unitaristas brasileiros, seguimos uma liturgia baseada na tradição litúrgica e teológica cristã unitarista advinda, em parte, da tradição litúrgica anglicana como praticada por nossa "igreja-mãe" nos EUA (a King's Chapel). O formato de nossas celebrações é típico da maioria das igrejas protestantes litúrgicas. Apesar de sermos uma comunidade de fé adogmática, no sentido de não exigirmos uma afirmação ou adesão a quaisquer doutrinas ou interpretações religiosas particulares, ainda assim, somos uma comunidade cristã.
 
O ciclo anual de adoração em nossa comunidade segue o calendário do ano litúrgico cristão, com a adição de algumas datas especiais para nossa tradição, o Unitarismo. Em todos os nossos ofícios religiosos celebramos a Santa Comunhão, que é aberta, sem restrição alguma, a todos aqueles que dela queiram participar.

A pregação é parte integrante de nossa tradição. O ministro geralmente profere um sermão baseado ou inspirado em uma leitura da Bíblia apontada por um calendário que, com algumas variações, segue o Lecionário Comum Revisado. Os sermões muitas vezes são também inspirados por leituras de outras fontes, como escrituras de outras religiões ou textos da literatura universal que exibam o mesmo espírito das leituras bíblicas apontadas para o dia.

Um outro componente especial em nossos ofícios religiosos é um período de silêncio, no qual abrimos nossos corações e mentes para ouvir a voz do divino. Muitas vezes, durante esse período de silêncio, os participantes lêem ou fazem desenhos, como uma forma de darem espaço para o divino mover-se entre eles.

Outro componente especial em nossos ofícios religiosos é a música. Nossa congregação se diferencia de outras igrejas cristãs por não utilizar apenas canções religiosas em seus ofícios. Utilizamos toda música que seja bela e edificante para alimentar nossos corações. Com muita freqüência, canções populares são entoadas, além de música de várias partes do mundo e de várias tradições espirituais.

Leituras de Hoje - Lecionário Comum Revisado

Primeira leitura e Salmo:

  • JEREMIAS 29:1, 4-7 ou 2 REIS 5:1-3, 7-15c
  • SALMO 66:1-12 ou SALMO 111

Segunda Leitura:

  • 2 TIMÓTEO 2:8-15

Evangelho:

  • LUCAS 17:11-19

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Fé e Ciência

"Em minha visão, não há nenhuma contradição em ser um cientista rigoroso e uma pessoa que acredita em um Deus que tem um interesse pessoal em cada um de nós. O domínio da ciência é examinar a natureza. O domínio de Deus está no mundo espiritual, um reino que não pode ser examinado com as ferramentas e a linguagem da ciência. Deve ser examinado com o coração, a mente, e a alma."

Francis Collins (diretor do Projeto Genoma Humano). The Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief (p. 6).