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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Uma Celebração da Sabedoria Universal

Há muitos nomes para Deus, como há muitas línguas que os falam.
Há muitas faces de Deus, como há olhos para vê-las.
Há muitos caminhos para Deus, como há pés para caminhá-los.
Do Budismo, a libertação da “mente de macaco”.
Do Judaísmo, o poder da história para uma visão compartilhada.
Do Cristianismo, o compromisso com a justiça social.
Do Islamismo, a entrega e a disciplina.
Do Hinduísmo, uma celebração da diversidade.
Da Fé Bahai, o poder da paz.
Do Sufismo, o poder do despertar interior.
Dos ativistas, a paixão pela justiça.
Das crianças, o poder do agora.
Dos artistas, a expressão criativa,
Dos animais e plantas, a abundância e fluidez da natureza.
Caminhe sua jornada para Deus com coragem e integridade.

Líder: Há muitos nomes para Deus, como há muitas línguas que os falam.
Todos: Que eu possa falar minha verdade autenticamente.
Líder: Há muitas faces de Deus, como há olhos para vê-las.
Todos: Que eu possa ver a vida com admiração e alegria.
Líder: Há muitos caminhos para Deus, como há pés para caminhá-los.
Todos: Que eu possa caminhar com coragem.
Benção

Que tua mente não tema e que tua cabeça se eleve
Que o conhecimento seja livre
Que o mundo não seja quebrado em pedaços por paredes domésticas estreitas
Que tuas palavras venham da profundeza da verdade
Que o trabalho incansável abra seus braços rumo à perfeição
Que a corrente da razão não se perca no deserto do hábito morto
Que a mente seja guiada por Ti ao pensamento amplo e ação
Àquele céu de liberdade, meu Pai, possam nossas vidas despertar

sábado, 26 de julho de 2008

Citações Unitaristas

Uma Afirmação de Fé no Poder do Cristianismo Liberal, co-escrita por Frederick May Eliot, presidente da Associação Unitarista Americana, 1947

"Afirmamos que o Cristianismo Liberal, como declarado e praticado pelos membros de nossas respectivas igrejas, é uma fé religiosa do tipo que nosso tempo exige. Afirmamos que o espírito de Jesus, há muito representado erroneamente pelas ortodoxias teológicas e reprimido pelos controles eclesiásticos, deve ser liberto para realizar sua vontade beneficente nos corações dos homens em todos os lugares, libertando suas mentes, desafiando suas lealdades restritas e aprofundando sua percepção de realidades externas. Tal é a fé centrada no Deus que criou de um sangue, e de um espírito, todas as nações sobre toda a face da terra."



Rev. Carl Scovel, em "Uma Compreensão Unitarista de Cristo", 1959

"Chamamos Jesus de o Cristo porque nele vemos o relacionamento ideal entre Deus e o homem. Ele redefiniu a palavra por meio de sua própria vida. Ele traduziu uma esperança utópica de um libertador futuro em uma preocupação presente com um relacionamento do indivíduo com Deus. Neste relacionamento a realidade de Deus se tornou real."



James Luther Adams, Teólogo Unitarista, em "Neither Mere Morality Nor Mere God", 1959

"O olhar cristão liberal está dirigido a um Poder que está vivo, que está ativo em um amor que busca manifestação concreta, e isso encontra resposta decisiva na postura e gesto vivos de Jesus de Nazaré."



Rev. Wallace Robbins, em "Creeds Are the Enemy of Christ", 1966

"Não há nada de incomum em um unitarista dizer que ele segue Jesus Cristo como seu Mestre, como seu Líder, como seu Senhor. Eu não tenho problema nenhum com isso. Entretanto, eu sirvo uma igreja na qual é possível as pessoas estarem em grande desacordo comigo sobre este ou qualquer outro tema. O ponto é que nós unitaristas não temos um credo; não temos nenhuma posição confessional que somos obrigados a defender; temos uma posição de liberdade cristã de consciência para defender."

Uma Celebração da Comunhão - Congregação Unitarista de Pernambuco

A Organização da Mesa de Comunhão

Ministro: Por que temos uma mesa aqui?

Povo: Temos uma mesa porque somos criados e chamados por Deus para sermos um povo que se reúne em comunidade, para sermos alimentados em relacionamentos.
Ministro: Por que temos uma toalha sobre a mesa?

Povo: Temos uma toalha sobre a mesa porque Deus está entrelaçado às nossas vidas e somos cobertos com o amor de Deus.
Ministro: Por que temos velas sobre a mesa?

Povo: Temos velas sobre a mesa porque Deus é nossa luz e salvação, pois para Deus até mesmo a escuridão é como a luz. Como humanos somos chamados a ser a luz para o mundo.
Ministro: Por que temos flores sobre a mesa?

Povo: Temos flores sobre a mesa para nos lembrarmos do mistério e beleza da graça de Deus.
Ministro: Por que temos pão e vinho sobre a mesa?

Povo: Temos pão e vinho sobre a mesa como símbolos dos dons da criação de Deus.

(Os jovens e crianças participam neste ritual, trazendo a toalha e cobrindo a mesa, colocando os símbolos usados na cerimônia sobre a mesa, e acendendo as velas e/ou Cálice Flamejante. O ritual tem o formato de sêder para afirmar as raízes judaicas do Cristianismo.)

Orações
Ministro: Que todos aqueles que respiram conheçam sua liberdade vindo a esta mesa. O dever não pode trazê-lo aqui, nem o medo da conformidade pode mantê-lo distante, pois esta mesa está em todos os lugares.

Povo: Nesta mesa, todo o ódio é desmembrado, o amor é relembrado, pois a lembrança não é um peso aqui.
Ministro: Venham todos, não confundindo a humildade com a auto-humilhação, nem a adoração com uma arte cerimonial. Venham com sua crença ou descrença, pois a fé é mais profunda que a crença, a comunhão mais elevada que a descrença.

Povo: Estamos aqui nesta tua mesa, Espírito, e tu estás aqui em nossa mesa, moldado por nossas palavras e atos.

(O pão e o vinho são elevados e, então, há silêncio.)

Lembremo-nos
Ministro: Todos os povos, em todos os tempos, têm considerado com admiração o mistério da vida e do crescimento. Todos os povos têm encontrado símbolos para expressarem reverência pelas forças de vida e maneiras de celebrarem sua dependência desta terra que nos alimenta. Pão e vinho são esse tipo de símbolos. E a Comunhão é uma maneira de celebrar tanto os dons que nos foram dados quanto a comunidade de relacionamentos na qual os usamos. Jesus e seus seguidores partilharam pão e vinho em sua última refeição juntos, e para eles aqueles elementos tinham um significado a mais, por serem partilhados durante o Pêssach (Páscoa) - um tempo de ritual no qual a libertação do povo hebreu da escravidão era comemorada.

Jesus usou o pão e o vinho como símbolos da libertação que o amor que ele pregava significaria para aqueles que entendiam sua mensagem. Ele segurou o pão e derramou o vinho, e disse:

"Façam isso em minha memória."

Partilhemos o pão juntos e partilhemos a taça de vinho em memória de Jesus, como ele pediu.

Lembremo-nos também de todos aqueles homens e mulheres que trabalham duro em todos os muitos tipos de campos e vinhedos, cujos fardos são pesados, e lembremo-nos que esses símbolos precisam ser para nós símbolos de libertação.

Lembremo-nos da própria terra, da qual, como nós mesmos, vêm o pão e o vinho, e para onde retornarão todas as coisas terrenas.

Lembremo-nos que este é um ato ritual de partilha, e que ao nos juntarmos para adorar nos unimos com nossas irmãs e irmãos de todas as etnias e religiões; pois todos nós buscamos sentido em meio ao mistério, todos nós encontramos aquilo que é digno de nossa admiração mais profunda. Damos a isso muitos nomes, mas o senso de que somos parte de um todo muito maior e mais vasto é o sentimento que partilhamos.

E finalmente, estejamos em silêncio juntos, enquanto cada um de nós se lembra de um momento sagrado pessoal e privado: Amém.

Orações
Somos gratos pela vida, ó Vida da vida. Louvada sejas, ó Bondade, por todo o bem. Louvada sejas, ó Verdade, por toda a verdade. E louvada sejas, ó Beleza, pelas maravilhas e sinais.

No amor demonstrado e na forte coragem, desde os dias dos antigos até agora: em atos de liberdade contra fatos de tirania, vemos teu poder. Em palavras autênticas ditas em tempos de mentiras, dos dias dos profetas até agora: na claridade não ferida pelo paradoxo, vemos teu poder. No equilíbrio e justiça e símbolo, dos dias dos salmistas até agora; nas proporções que pregam contra a distorção e a medonha ganância, vemos teu poder.

E vemos teu poder em nosso irmão Jesus, que viveu sua vida de acordo com tua vontade, linda e verdadeiramente; o bem fez ele, ao proclamar a Era Futura como sendo o Presente, ao nos ensinar contra o ressentimento, a violência, a fúria e a submissão, ao por um fim às categorias; do ventre de sua mãe ao túmulo de criminoso, ele viveu a vida que matou a morte, tornando nosso desespero uma esperança, tornando nossas diferenças uma comunidade.

Na véspera de sua morte ele nos chamou à vida, e como uma ama de leite não mais nos carregou, e nos tornou livres. Abençoado-te e esse pão festivo, ele disse: "Eis aqui meu corpo; partilhem dele."

Abençoando-te e erguendo esta taça, ele disse: "Eis aqui o pacto renovado que agora inauguro com meu sofrimento. Minha vida o sela: Vocês são todos irmãos e irmãs. Vocês são meus amigos. Amem-se uns aos outros. A nova era está entre vocês. Ao viverem sua vida agora, vocês me lembram ao Eterno e me tornam presente novamente.

Portanto, Espírito de Vida, vem agora, e mova-se em nós. Que este pão comum simbolize para nós o Corpo do qual toda a humanidade é parte, nosso "pão para o amanhã" que partilhamos hoje. Que esta taça comum simbolize para nós o sacrifício exigido de nós antes que o "Reino de Deus" possa começar. Que o pão e a taça sejam para nós aquela comunhão humana que é a nossa plena e única salvação. Vivendo gratamente e discernindo a unidade do Corpo, e celebrando nossa irmandade universal mesmo quando doa fazer isso, proclamamos a Páscoa de maneira mais bela que os lírios, mais verdadeiramente que qualquer doutrina. Portanto, santos são esses dons,

SANTO, SANTO, SANTO!!!

E estes são agora presentes para os doadores, presentes do espírito para pessoas de espírito; portadores de nosso próprio ser, presentes do espírito para pessoas de espírito; belos, verdadeiros e bons, presentes do espírito para pessoas de espírito. Amém.

Trechos Litúrgicos - Congregação Unitarista de Pernambuco

Chamado à Adoração

Enquanto nos reunimos aqui, largue as pressões do mundo que lhe exigem
Que faça mais, que vista uma máscara, que pareça mais bravo.
Silencie as vozes que pedem que você seja perfeito.

Esta é uma comunidade de compaixão e aceitação.
Você não tem de fazer nada para receber o amor contido aqui.

Você não tem que ser mais bravo, mais esperto, ou melhor do que é neste momento
Para ser parte desta comunidade, para estar conosco.

Você só tem que trazer o seu corpo,
Não importando a capacidade física;
Sua mente curiosa,
Não importando o quão ocupada esteja;
Seu coração,
Não importando o quão ferido esteja.

Traga tudo o que você é, e tudo o que você ama, a este momento.
Celebremos juntos.

Música

“Podes Crer” - Cidade Negra

O que é, meu irmão?!
Eu sei o que te agrada
E o que te dói
É preciso estar tranqüilo
Pra se olhar dentro do espelho
Refletir
O que é?
Seja você quem for
Eu te conheço muito bem
Isso faz bem pra mim
Isso faz bem pra vida
Onde quer que vá
Eu vou estar também
Eu vou me lembrar
Daquela canção que diz
Parapapapapapa...
Bendito
Encontro
Na vida
Amigo
É tão forte quanto o vento quando sopra
Tronco forte que não quebra, não entorta
Podes crer, podes crer
Eu tô falando de amizade

Palavras de Abertura

Ao nos reunirmos hoje,
Que possamos reconhecer e afirmar
As possibilidades
E o bem que trazemos.
Que possamos encorajar em vez de controlar;
Amar em vez de possuir;
Possibilitar em vez de cobiçar.
Permitindo que nossos dons individuais teçam um tecido colorido de paz:
O azul macio de sensibilidade e compreensão;
A energia vermelha de criatividade;
O calor branco de convicções;
O verde arriscado e frágil de novo crescimento;
As emissões douradas de gratidão;
O rosa cálido do amor.
Cada um de nós é indispensável,
Se temos de ministrar a um mundo fraco e ferido.
Juntos, em nossa diversidade, formamos um todo.
Portanto, que seja assim.

Música


Acendimento do Cálice

Para enfrentar as sombras do mundo, um cálice de luz.
Para enfrentar a frieza do mundo, um cálice de calor.
Para enfrentar os terrores do mundo, um cálice de coragem.
Para enfrentar o tumulto do mundo, um cálice de paz.
Que possa seu brilho preencher nossos espíritos, nossos corações, e nossas vidas.

Uma Liturgia Congregacional

Reunidos como uma Humanidade

Ouve, ó Humanidade, Deus é Um. Há apenas a unidade. Amamos a Deus, amamos a Vida com a plenitude de nossas almas e com o nosso ser; amamos uns aos outros com todo o nosso coração, com toda a nossa mente, com todo o nosso ser, como todo nossa força. E estas palavras estarão nos corações de vocês e vocês as ensinarão diligentemente a seus filhos. Vocês falarão a respeito delas em sua casa e quando estiverem caminhando, ao deitarem-se e ao levantarem-se.

(O Shemá parafraseado, Deuteronômio 6, Marcos 12:31)

Deus interior, Guia da Humanidade. Somos chamados à Paz. Deus é a própria paz.

Líder: Onde há ignorância e superstição
Todos: Que haja iluminação e conhecimento

Líder: Onde há discriminação e ódio
Todos: Que haja aceitação e amor

Líder: Onde há medo e suspeita
Todos: Que haja confiança

Líder: Onde há tirania e opressão
Todos: Que haja liberdade e justiça

Líder: Onde há pobreza e doença
Todos: Que haja prosperidade e saúde

Líder: Onde há conflito e discórdia
Todos: Que haja harmonia e paz


Música
Oração
Abençoado seja Aquele além da luz e da escuridão, por cujo poder santificamos a Vida com as luzes de nossas velas.

Líder: Onde o mundo estiver escuro com doenças,
Todos: Acendamos a luz da cura.(A vela da cura é acesa)

Líder: Onde o mundo estiver desolado e sofrendo,
Todos: Acendamos a luz do cuidado.(A vela do cuidado é acesa)

Líder: Onde o mundo estiver enfraquecido por mentiras,
Todos: Acendamos a luz da verdade.(A vela da verdade é acesa)

Todos: Abençoado seja Aquele além da luz e da escuridão, por cujo poder santificamos a Vida com as luzes de nossas velas.

Leituras

Sermão

Música

Benção Final

Possa o Amor que vence todas as diferenças,
Que cura todas as feridas,
Que afugenta todos os medos,
Que reconcilia tudo o que está separado,
Esteja em nós e entre nós
Agora e para sempre.

(Liturgia Usada na Congregação Unitarista de Pernambuco)

O Humanismo E Suas Aspirações

Manifesto Humanista III, um sucessor do Manifesto Humanista de 1933

O Humanismo é uma filosofia de vida progressista que, sem sobrenaturalismo, afirma nossa habilidade e responsabilidade em levar vidas éticas de satisfação pessoal que aspirem o bem maior da humanidade.

A postura do Humanismo - guiado pela razão, inspirado pela compaixão, e informado pela experiência - encoraja-nos a viver a vida bem e plenamente. Evoluiu no decorrer das eras e continua a se desenvolver por meio dos esforços de pessoas atenciosas que reconhecem que valores e ideais, independentemente de quão cuidadosamente sejam desenvolvidos, estão sujeitos à mudança com o avanço de nosso conhecimento e compreensões.

Este documento é parte de um esforço contínuo de manifestar em termos claros e positivos os limites conceituais do Humanismo, não o que devemos crer mas um consenso do que nós cremos. É neste sentido que afirmamos o seguinte:

O conhecimento do mundo deriva da observação, experiência, e análise racional.
Humanistas pensam que a ciência seja o melhor método para determinar esse conhecimento, assim como para resolver os problemas e para desenvolver tecnologias benéficas. Também reconhecemos o valor de novas orientações no pensamento, nas artes, e na experiência interior - todas sujeitas ao análise pela inteligência crítica.

Os humanos são parte integral da natureza, são o resultado de uma mudança evolucionário não-guiada.
Humanistas reconhecem a natureza como auto-existente. Aceitamos nossa vida como tudo e como suficiente, distinguindo as coisas como são das coisas como desejaríamos ou imaginaríamos que fossem. Recebemos os desafios do futuro, e somos atraídos e não intimidados por aquilo que ainda não sabemos.

Valores éticos derivam da necessidade e interesse humanos como testados pela experiência.
Humanistas baseiam valores no bem-estar humano moldados pelas circunstâncias, interesses, e preocupações humanas e extensos ao eco-sistema global e além. Estamos comprometidos a tratar cada pessoa como tendo valor e dignidade inerentes, e a fazer escolhas informadas em um contexto de liberdade consoante com a responsabilidade.

A satisfação de vida emerge da participação individual no serviço de ideais humanos.
Visamos nosso possível desenvolvimento mais pleno e animamos nossas vidas com um profundo senso de propósito, encontrando respeito e reverência nas alegrias e belezas da existência humana, seus desafios e tragédias, e mesmo na inevitabilidade da morte. Os humanistas confiam na rica herança da cultura humana e da postura do Humanismo para oferecer conforto em tempos de necessidade e encorajamento em tempos de abundância.

Os humanos são sociais por natureza e encontram sentido em relacionamentos.
Os humanistas desejam e se esforçam por um mundo de cuidado e preocupação mútuos, livre da crueldade e de suas conseqüências, onde as diferenças sejam resolvidas cooperativamente sem se recorrer à violência. A união da individualidade com a interdependência enriquece nossas vidas, encoraja-nos a enriquecer as vidas de outros, e inspira a esperança de paz, justiça, e oportunidade para todos.

Trabalhar para beneficiar a sociedade maximiza a felicidade individual.
As culturas progressistas têm trabalhado para libertar a humanidade das brutalidades da mera sobrevivência, e para reduzir o sofrimento, melhorar a sociedade, e desenvolver a comunidade global. Buscamos minimizar as desigualdades da circunstância e habilidade, e apoiamos uma distribuição justa dos recursos da natureza e dos frutos do esforço humano para que tantos quanto possível possam usufruir uma boa vida.

Humanistas se preocupam com o bem-estar de todos, se comprometem com a diversidade, e respeitam aqueles com opiniões diferentes. Esforçamo-nos para apoiar o usufruto igual dos direitos humanos e das liberdades civis em uma sociedade aberta e secular, e para afirmar que é um dever cívico participar no processo democrático e um dever planetário proteger a integridade, diversidade e beleza da natureza de forma segura e sustentável.

Assim engajados no fluxo de vida, aspiramos esta visão com a convicção informada que a humanidade tem a habilidade de progredir rumo a seus ideais mais elevados. A responsabilidade para com nossas vidas e para com o tipo de mundo no qual vivemos é nossa e unicamente nossa.



2003 Associação Humanista Americana

sábado, 19 de julho de 2008

Tomando Uma Outra Estrada Rumo Ao Lar

Como um cristão progressista, ou um cristão liberal, ou um cristão não-ortodoxo (nenhuma dessas expressões funciona plenamente para mim), já me perguntaram incontáveis vezes se não me afastei tanto do perímetro cristão que o nome não se aplica mais a mim.

Acredito que minha jornada não esteja distante da base da fé de Jesus, de forma alguma, mas que se direcione a ela. Como um cristão liberal, creio que esteja em minha jornada de retorno ao lar, não em virtude de voltar, mas em virtude de seguir adiante. E é um lar que deveria ser reconhecido, penso eu, ao menos em parte, mesmo pelo cristão mais tradicional e ortodoxo que também está em busca dele. É algo que temos em comum. Deixem-me descrevê-lo. Neste lar que busco, Deus é uma presença palpável que dá profundidade e sentido à vida. Por causa dessa profundidade e sentido, as pessoas nesse lar cuidam-se mutuamente, perdoam-se mutuamente, aceitam-se mutuamente, abraçam-se mutuamente. Dessa familiaridade, dessa comunidade, ganho coragem para fazer coisas que de outra forma não poderia fazer. Com essa coragem, juntamente com outros, sou chamado a buscar justiça, trabalhar pela paz, e proteger aqueles que estejam mais vulneráveis. E em meio a essa busca, e em meio a esse trabalho, descubro uma fé que não é piedade religiosa, mas uma segurança profunda e firme de que todas as coisas estarão bem, uma calma lá no fundo, uma esperança além de meu merecimento. E uma coisa mais. Nesse lar, há espaço para todos. Todos.

Como disse, é uma visão de lar que compartilho com a maioria dos cristãos... com, na verdade, a maioria das pessoas na Terra. Como a maioria das pessoas da Terra, anelo por isso. Esses são desejos humanos profundos, básicos e fundamentais. A busca pelo lar é minha jornada de vida. Vocês reconhecem isso? Mas há um problema. Creio que não possa chegar lá pela estrada que meus avós tomaram. Ou pela estrada que muitos outros, cristãos mais ortodoxos, tomaram. Não posso nem mesmo chegar em casa tomando a mesma estrada que tomei quando era mais jovem.

Primeiro e mais importante, não posso chegar ao lar pela estrada que sugere que Jesus seja o único caminho ou que o Cristianismo seja a única religião verdadeira. Para mim, pelo menos, essa estrada está interditada, fechada para sempre. Mesmo se eu quisesse - e não quero - não poderia fazer meu coração, minha mente, minha alma, aceitar que Deus pudesse ser tão exclusivo e tão arbitrariamente egoísta a ponto de confinar a revelação, ou salvação, a uma tribo religiosa. Deus, para mim, é maior que isso, e menos convenientemente em meu controle do que se concluiria ao dizer que a religião na qual nasci seja a única religião verdadeira. Eu quero chegar em casa, como todo mundo. Quero chegar em casa, à essência do que Jesus ensinou. Mas o caminho do exclusivismo cristão está interditado. Preciso chegar em casa por meio de outro caminho.

Segundo, não posso chegar em casa pelo caminho que exige que eu subordine as revelações da ciência às revelações da religião. Se as placas da estrada dizem "Proibido evolucionistas nesta estrada", não posso tomar aquele caminho. Se, na velha estrada, idéias mais antigas a respeito de gênero e sexualidade não puderem incorporar fatos recentemente descobertos da biologia e psicologia e das ciências sociais, esse caminho estará interditado para mim. Se, nessa estrada, a voz da razão não puder estar em diálogo com os sussurros do coração ou os murmúrios da fé, estarei perdido. Como todas as outras pessoas, desejo estar em casa, no lar que descrevi anteriormente. Mas o caminho da anti-ciência, anti-intelectual, não me leva a lugar nenhum. Preciso chegar em casa por outra estrada.

Não posso chegar em casa pela estrada onde o significado da cruz é o de que Deus exige um sacrifício de sangue e que uma pessoa pague o preço pelos pecados de outra. Sei que o "sacrifício propiciatório", como essa doutrina é chamada por alguns, é uma estrada pela qual muitos caminham, e encontram Deus, e se sentem salvos. Respeito isso. Foi um caminho pelo qual eu mesmo já trilhei em minha infância. Mas não posso tomar mais essa estrada. Aquele Deus parece-me ser agora abusivo e arbitrário, e mais um cobrador que amante da humanidade. Creio que a cruz ainda faça sentido como um símbolo de como o amor triunfa sobre a crueldade humana, e como um símbolo de incomensurável coragem. Desejo, profundamente, encontrar o lar onde aquele amor e coragem estejam presentes, e onde possa imitá-los. Mas não posso chegar lá por meio da velha estrada. Preciso chegar em casa por meio de outra estrada.

Não posso chegar em casa por meio da estrada que insinua que a salvação pessoal seja a meta mais importante da vida e que a moralidade pessoal seja o valor mais importante. Simplesmente não posso imaginar que toda a empreitada religiosa seja sobre se eu pessoalmente chegarei ao "céu" ou não, seja lá o que seja o tal "céu". As questões morais que me parecem urgentes, e a respeito das quais posso imaginar Deus preocupado, são as grandes questões da riqueza e pobreza, da guerra e paz, do poder e justiça, e a única salvação que faz qualquer sentido para mim é a salvação de toda a criação, não apenas a minha própria. Quero estar nesse lar onde a salvação é real, mas não posso chegar lá por meio do caminho que a vê como um teste ou um concurso ou um processo de eliminação. Preciso chegar em casa por meio de outra estrada.


Não posso chegar em casa por meio do literalismo bíblico ou do exclusivismo canônico. Em algum ponto da jornada, perfurei o solo da escritura com minha pá, e descobri que há muito mais lá em baixo do que pode ser visto na superfície. Em algum ponto de minha jornada, a escritura se abriu para mim como a casca de um ovo, e apesar de ter ficado muito mais bagunçada, mais difícil de segurar, percebi o quão rica e nutritiva ela era quando nela buscava não verdade inquestionável mas verdade vivificante. E mais, descobri que a "casca" ao redor da escritura, que definiu que escritos estariam na Bíblia e quais seriam rejeitados, não era tão firme quanto pensava que fosse. Encontrei passagens na Bíblia onde o espírito da voz de Deus parecia estar bem longe, deixando as palavras sem nenhum sentido... e descobri passagens além da Bíblia que pareciam vibrar com aquele espírito. Sei que a Escritura é um lar para mim. Amo muitos de seus ambientes, suas passagens ocultas, a forma como evoca contos e lembranças familiares. Quero ir lá. Mas não posso chegar lá por meio do literalismo. Preciso chegar em casa por meio de outra estrada.

Eu sei que há aqueles que dirão, mesmo que seja com gentileza e amor: “Olha, se você não puder chegar em casa por meio da velha estrada, você jamais conseguirá chegar em casa”. Mas Jesus disse, por outro lado: “Busque e acharás. Bata, e a porta será aberta para você. Peça e será dado a você”. Creio que haja uma outra estrada, um outro caminho, que leva para casa. Não posso dizer que cada passo do caminho seja claro. A vida não é assim tão simples. Mas eu estou buscando, e confio que encontrarei. Estou batendo, e creio que a porta será aberta para mim. Estou pedindo, e tenho fé que me será dado.