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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Por quê se incomodar em pensar em religião?

A religião é uma completa perda de tempo? Suas afirmações são razoáveis ou ridículas? Perguntas importantes – mas como podemos obter respostas? Todo tipo de gente faz todo tipo de afirmações a favor de todo tipo de religião. Eles não podem estar todos certos, mas qualquer um deles está?

Muitas pessoas vêem a religião como um assunto terrivelmente misterioso, que diz respeito a temas tão profundos que lhes tira o fôlego. A religião pode dar a outras pessoas um senso de paz, mas também pode dar-lhes um senso de certeza que pode torná-las surdas a novas idéias e perspectivas. Quando a certeza religiosa é combinada com o zelo religioso, o resultado pode ser o fanatismo e a divisão, e até mesmo a perseguição e o derramamento de sangue.

Apesar de seu papel ter mudado, a religião ainda ocupa um lugar importante em nossa sociedade. Todos, seja qual for sua visão a respeito da religião, devem dar alguma atenção à natureza das afirmações religiosas. O termo geralmente usado para se referir a essa ponderação é “teologia” (literalmente, “conversa a respeito de Deus”). A teologia exige uma disposição para ler, pensar e discutir. Ela também exige que sejamos abertos a novas idéias.

Infelizmente, muitas pessoas religiosas vêem a religião como sua âncora em um mundo de incertezas, e em vez de trabalharem na teologia, se prendem desesperadamente ao que têm. Usam a Bíblia como se fora um livro-texto com regras claras para a vida, que foram estabelecidas pelo próprio Deus. Essas pessoas são muitas vezes chamadas de Fundamentalistas. Seus “fundamentos” da religião cristã surgiram em resposta às descobertas científicas do século dezenove. A ciência parecia minar o que a Bíblia dizia.

Uma maneira óbvia de lidar com esta ameaça era rejeitar as afirmações da ciência. Essa abordagem clara e simples tem sido popular. Quanto mais radicais as afirmações feitas pelos Fundamentalistas, mais pessoas enchiam suas igrejas. Mas ao mesmo tempo, os Fundamentalistas também mostravam que tal abordagem era impossível para pessoas criticamente inteligentes.

Opostos ao Fundamentalismo estão os teologicamente liberais e progressistas que não querem ter nada a ver com qualquer forma de dogmatismo ou autoritarismo. Mas eles têm um problema. Numa era caracterizada pelo barulho, sua relutância em fazer afirmações teológicas definidoras é vista como fraqueza por aqueles incapazes de compreender suas razões.

Generalizações são sempre um risco, mas em termos muito amplos poderíamos dizer que a Igreja é um continuum, com conservadores em uma ponta e liberais em outra.

Os conservadores estão divididos em dois grupos: Evangélicos (incluindo aí os Fundamentalistas) e aqueles que se chamam Católicos ou Ortodoxos. Ambos os tipos de conservadores se opõem a conceder direitos iguais a homossexuais praticantes e mulheres.

Os liberais tentam ver todos os lados e não se opõem a nada, exceto à intolerância e à injustiça. Pode se resumir a uma questão de psicologia. Algumas pessoas têm uma necessidade muito maior de certeza que outros e são religiosos conservadores naturais. Os outros são capazes de respirar um ar mais fino e são investigadores naturais.

Um liberal é tipicamente alguém que enfatiza a necessidade de se viajar livremente e que está feliz em explorar o território por si mesmo, enquanto que um conservador é mais um viajante de pacote que raramente se aventura fora das rotas principais.

Por toda sua história, a Igreja tem sido capaz de acomodar as mais diversas perspectivas teológicas. Os críticos conservadores em seu meio constantemente reclamam a respeito de sua abertura doutrinária, dizendo que os liberais e progressistas não apóiam absolutamente nada. Mas isso simplesmente mostra quão baixa prioridade essas pessoas põem na contínua busca por verdade e quão pouco tempo elas têm para tolerância genuína.

O estudo da teologia ajuda a proteger contra a arrogância religiosa por nos tornar conscientes de quão frágeis são as posições que adotamos. Toda teologia é humana, já que toda conversa a respeito de nós é feita por nós mesmos.

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